quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

SÉRIE DA SEMANA: VERSAILLES


A nobreza e a carnificina

(e não estamos falando de GOT, hein!)


Sabe aquilo que você sentiu quando, na primeira temporada de Game Of Thrones, viu Ned Stark ser submetido a maior humilhação/ injustiça da história das séries, sem nenhuma chance de se defender?

Sabe a raiva por cada personagem abominável, pela sujeira, pela guerra de poder, pelo comportamento inescrupuloso e por não poder confiar em absolutamente NINGUÉM, apesar de amar muitos deles (love Cersei <3) ?



E sabe o quanto você adorou essa sensação durante as cinco temporadas e o quanto achou que não sentiria nunca mais essa completude?


Pois bem...

Eu confesso que comecei a ver Versailles pela fotografia maravilhosa que julguei ter quando vi as imagens, por todo aquele clima nobre-francês-chique. Pelos vestidos glamourosos e tudo o que eles traziam. 

A primeira impressão ao ver uma série não muito famosa é de estranhamento. Estranhamento com aquele bando de homem cabeludo com cara de almofadinha. Estranhamento pelo linguajar pomposo, pelas táticas de combate, pela história que eu deveria conhecer para saber separar realidade de ficção mas que, imersa em minha ignorância, não conheço. 

Mas todo o pré julgamento fica em segundo plano quando a trama impressionante de Versailles começa a ser desenvolvida.

O Rei Luis XIV (George Blagden) está no poder da França e em guerra com outros países europeus. Apesar de contrariado por grande parte de sua corte, ele leva sua sede de Paris para Versailles, e lá desenvolve uma verdadeira fixação pela ideia de construir o maior palácio do mundo, para provar assim o seu poder absoluto aos opositores.

Mas nem tudo são flores na monarquia, e nós aprendemos isso muito bem em outros seriados. E com Luizinho não foi diferente.

Diante de uma equipe de conselheiros de decência duvidosa, uma rainha prestes a parir, uma guerra de ego com o irmão gay, um caso amoroso com a própria cunhada (esposa desse mesmo irmão gay), e espreitado por saqueadores que querem tornar a "Estrada Real" insegura (causando assim um abalo na reputação do Rei perante a nobreza), Luis se vê diante de um caos absoluto, ao mesmo tempo em que tenta provar, dia após dia, o seu poder diante de sua própria corte, que demonstra cada vez mais precisar menos de seu soberano. 

Desmoralizado, escandalizado, enfraquecido e em guerra.

Como vai terminar?
Eu não sei.
Mas eu tô vendo.
E eu indico. 




FILME DO DIA: BROOKLYN



A menina, a viagem e a saudade


A jovem irlandesa indo atrás do sonho americano em plenos anos 50 parece uma historia não muito emocionante ou cativante, mas pelos olhos do diretor John Crowley, é.

O filme, originário do livro homônimo do autor Colm Tóibín, tem roteiro do também escritor Nick Hornby.

O ritmo inicial é lento: uma casa na Irlanda, uma mãe, duas filhas. 


A irmã mais nova, Eillis Lacey, interpretada de forma lindíssima pela jovem, mas não inexperiente,  Saoirse Ronan, decide ir da Irlanda para os Estados Unidos, com auxilio financeiro de um padre amigo da família, para evitar a vida que lhe é prevista em sua terra natal.


Sem nenhuma experiência longe de casa, e absolutamente inocente para com o mundo, Ellis começa a se dar mal já no navio.


Nos Estados Unidos, porém, a jovem contorna a situação.

Inicialmente perdida e deslocada, Ellis vai, aos poucos, se adaptando a vida americana. Os primeiros dias no emprego novo são penosos, mas com a ajuda de sua chefe  ela começa a entender como as coisas funcionam. E o mesmo acontece com o todo o resto.

Seu único vínculo com a Irlanda são as cartas trocadas com sua irmã Rose (Fiona Glascott), e enquanto se adapta a nova vida, a saudade a insere em um mundo de profunda tristeza.


É importante ressaltar que Brooklyn não nos apresenta um vilão. Ellis Lancey está longe de casa, sofrendo a ausência de tudo que lhe era familiar, sendo duramente posta em contato com uma outra realidade, novas responsabilidades, pouca conversa ou intimidade. O vilão de Ellis é a vida, e toda a sua insegurança diante dela. 


Na verdade, de modo geral, os personagens do filme são todos bem cativantes, e o roteiro peca ao abandonar cedo demais esses tais personagens que valeriam a pena e trariam um contraponto a pureza da história. Na pensão em que mora em Nova York, ela divide o espaço com várias moças que passeiam entre a personalidade megera e a cumplicidade. Tudo parece muito malvado diante de sua inocência, e logo nos damos conta de que ninguém quer verdadeiramente ferrar com ela. 


Em uma festinha local, Ellis conhece um jovem rapaz italiano,e, a partir daí, o filme começa com uma super reviravolta. 


Quando o espectador encontra-se completamente apaixonado pela decência da jovem irlandesa, acreditando que a história quer apenas lhe mostrar as dificuldades encaradas por quem migra para outro país, o roteiro coloca, a você e a Ellis, diante de uma situação desastrosa.


A fotografia do filme é linda, passeando pela Nova York dos anos 50 com figurino impecável e a variação entre tons nudes, meio sépia. 


O longa concorre ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, e Saoirse Ronan concorre a Melhor Atriz.


O lançamento mundial é em 26/01.